segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010
"SRI SACINANDANA GOURA HARI KI JAY HO !!"
*************************************************************************************
Continuação:
"Mais Humilde
que uma Folha
de Grama"
"trnad api sunicena
taror api sahisnuna
amanina manadena
kirtaniyah sada harih"
Tradução
“Aquele que é mais humilde
que uma folha de grama,
mais paciente que uma árvore,
que honra devidamente os outros
sem desejar tal honra para si,
é qualificado para cantar sempre
o santo nome de Krsna.”
Iluminação
"Deveríamos nos estabelecer principalmente no seguinte humor: de nos considerarmos como pior dos piores. Srila Bhaktivinoda Thakur deu sua análise sobre o significado desse verso como se segue: até uma folha de grama tem seu valor, mas nós não temos nem mesmo o valor de uma folha de grama. Não temos valor positivo. Uma coisa é o homem não ser educado, mas um louco é pior do que um mal educado. Ele pode pensar ¾ mas só anormalmente. Por isso, Srila Bhaktivinoda Thakur diz: “Tenho alguma consciência, alguma inteligência, mas estão mal orientadas. Uma folha de grama não sofre de má orientação. Quando é pisada, não tende a se mover em direção oposta. A folha de grama pode ser soprada de cá para lá por uma tempestade, ou pelo ambiente externo, enquanto eu sempre reluto em ir numa direção em particular. Se as ondas do meio ambiente tentam me levar numa certa direção, eu tento me opor. Se realmente considerares meu verdadeiro valor, concluirás que minha posição é inferior à de uma folha de grama, porque tendo a me opor.”
Quando desejamos nos conduzir a uma relação mais íntima com a bondade infinita, devemos pensar que: “Não tenho valor. Ou melhor, meu valor é negativo. Minha tendência é de oposição à graça do Senhor. Se Krsna tenta me agraciar, tento resistir. Sou constituído de tal elemento que cometo suicídio espiritual. Krsna vem me agraciar, mas eu me oponho: a energia que há dentro de mim tenta o suicídio. Essa é minha situação, mas a folha de grama não se opõe a ninguém. Minha situação é assim tão sórdida.” Devemos vivenciar estarmos nesse predicamento. Podemos aceitar a bondade da Verdade Absoluta na forma de Seu santo nome com esse cuidado.
Não devemos achar que o caminho será tranqüilo; podem vir muitos problemas externos. Quando os devotos vão cantar Hare Krsna nas ruas, muitas pessoas gritam: “Ei, seus macacos! Macacos cara-vermelha!” Virão muitas formas de impedimentos e oposição que tentarão nos afetar e nos dissuadir desse caminho, mas temos que praticar tolerância como a de uma árvore. Por que a árvore foi citada como exemplo ? Analisou-se assim: se ninguém regar a árvore, ela não protesta ¾ “Oh! Dai-me água!” Se alguém vem perturbar a árvore, arrancando suas folhas, cortando seus galhos, ou até mesmo pondo-a abaixo com machadadas, ela permanece silenciosa; não faz nenhuma oposição. Devemos ver que o insulto, a pobreza, a punição, ou outras ações desfavoráveis são necessárias para nos purificar, e seremos liberados da existência material com um pouquinho de punição.
Através da consciência de Krsna, conectamo-nos ao objeto supremo da vida, a maior satisfação da vida ¾ quanto estamos prontos a pagar por isso ? É inconcebível. Devemos aceitar com um sorriso qualquer pequena demanda que nos for exigida, considerando o objetivo supremo. Se estamos realmente confiantes, se temos fé em nosso brilhante futuro, então devemos pagar alegremente.
“Krsna ¾ Vou Te Dar uma Lição!”
Certa vez, Srila Gaurakishora dasa Babaji Maharaja, mestre espiritual de Srila Bhaktisiddhanta Saraswati Thakura, estava mendigando um pouco de arroz pela cidade de Navadwipa, em várias casas. Os habitantes das aldeias às vezes atacam ou insultam os devotos e nem mesmo poupavam uma alma tão elevada quando chegava a suas residências. Alguns garotos jogavam pedras e atiravam barro nele, quando ele pensou: “Krsna, estás sendo cruel comigo! Vou reclamar de Ti para Tua mãe Yasoda.” Esse era seu ponto de vista, e assim ele harmonizava tudo. Devemos aprender a ver Krsna em tudo que venha a nos perturbar ou atacar. Na avaliação filosófica é claro que nada pode acontecer sem o desejo de Deus. Mas, numa forma concreta, o devoto vê: “Oh, Krsna! Estás apoiando essas crianças, estás me perturbando, e vou Te dar uma lição. Sei como lidar Contigo. Vou reclamar à Tua mãe Yasoda, e ela vai Te castigar.”
Devotos avançados são fixos na consciência de que Krsna está pôr trás de tudo, e aceitam tudo dessa forma. Essa atitude é nosso farol de orientação, pois nos conduzirá a superar as coisas que são aparentemente desfavoráveis para nós. Encontramos um doce ajuste aqui, e assim, somos aconselhados a sermos mais tolerantes do que uma árvore. Podemos ficar sem fazer nenhuma oposição; ainda assim, a oposição virá nos perturbar. E temos de perdoar.
E temos de respeitar os outros. Prestígio é o maior e mais sutil inimigo de um devoto de Krsna. Orgulho é o pior inimigo de um devoto de Krsna. E orgulho nos leva finalmente à conclusão dos mayavadis, os monistas. Eles dizem: so’ham ¾ “Eu sou!” Não: daso’ham, “Eu sou subordinado!” Mas dizem: “Eu sou o Elemento Supremo; eu sou Isso; eu sou Ele”, eliminando de suas considerações o fato de qu e somos insignificantes e estamos sofrendo na miséria. Osmayavadis, impersonalista, ignoram todas as coisas práticas, mas posição, ou ego (pratistha), é nosso pior inimigo. Somos aconselhados nesse verso a lidar com prestígio e posição numa forma especial.
A Área de Escravidão de Krsna
Sri Chaitanya Mahaprabhu diz: “Não deves desejar respeito de ninguém ou mesmo do próprio meio ambiente; ao mesmo tempo, deves prestigiar todos e tudo no meio ambiente conforme a posição. Respeita, mas sem desejar nenhum respeito externo.” Devemos ser muito meticulosos a esse respeito, pois o orgulho é nosso inimigo oculto, nosso pior inimigo. Se de alguma forma pudermos evitar ou conquistar esse inimigo, estaremos aptos para entrar na área de escravidão de Krsna e nos juntarmos àqueles que entregam suas vidas completamente em sacrifício a Ele. O significado geral desse verso é: “Nunca procures posição ou prestígio de nenhuma parte. Ao mesmo tempo, honra todos e tudo conforme teu entendimento.”
Um Grande insulto
Quando nosso mestre espiritual, Srila Bhaktisiddhanta Saraswati Thakura, foi para Vrndavana no início dos anos 30, ele andava num automóvel. Tal nunca se ouvira até aquela época, com respeito a um santo. Certo dia, um sacerdote insultou nosso guru, censurando a posição de Srila Raghunatha Dasa Goswami, preceptor da nossa mais elevada concepção de alcance espiritual. Ele se vangloriou: “Não somos apenas residentes da terra sagrada, mas membros da casta de sacerdotes exaltados (brahmanas). Portanto, podemos oferecer nossas bênçãos a Dasa Goswami. Ele nasceu numa família de classe baixa, e ele próprio nos pediu tal bendição.”
Dasa Goswami orou certa vez, com grande humildade:
gurau gosthe gosthalayisu sujane bhusuragne
svamantre sri-namni vraja-nava-dvandva-sarane
sada dambham hitva kuru ratim apurvam atitara
maye svantarbhratas catubhir abhiyace dhrta-padah
“Ó mente ¾ minha irmã! Caio a teus pés e imploro: Abandona todo orgulho e sempre saboreia amor extático enquanto te lembras do guia divino, da morada sagrada de Vrndavana, dos vaqueiros e leiteiras de Vraja, dos devotos amorosos do Senhor Supremo Sri Krsna, dos deuses na terra ou dos brahmanas, do Gayatri mantra, dos santos nomes de Sri Krsna, e do jovem casal divino de Vraja, Sri Sri Radha-Govindasundara.”
O sacerdote observou: “Somos residentes da morada sagrada de Vrndavana, e brahmanas também, portanto, estamos em posição para dar benções a Raghunatha Dasa Goswami.” Quando nosso guru maharaja, que estava em Radha-kunda na ocasião, ouviu essas palavras, começou a jejuar. Ele comentou: “Tenho de ouvir isso ? Esse sujeito está sob o controle da luxúria, da ira e da cobiça, e diz que pode dar sua graça a Dasa Goswami, o preceptor mais respeitado em nossa linha! E tenho de ouvir isso ?” Ele decidiu jejuar, sem retaliar seu comentário.
Nós também paramos de comer, e todo o acampamento começou a jejuar. Então, quando os cavalheiros locais souberam que todo o acampamento estava jejuando, procuraram pelo sacerdote blasfemador e o trouxeram perante nosso guru maharaja. O sacerdote implorou para ser perdoado. Nosso guru maharaja ficou satisfeito e quebrou o jejum, após mostrar-lhe algum respeito. Alguém disse a nosso guru maharaja na ocasião: “Eles são tolos ignorantes. Pôr que devemos ficar tão afetados com suas palavras ? Devias ignorá-las”. Nosso guru maharaja disse: “Se eu fosse um babaji comum e ouvisse tal comentário, poderia simplesmente tapar os ouvidos e ir embora. Mas estou atuando como acharya, aquele que ensina pelo próprio exemplo. Qual a justificativa para eu andar num automóvel, se não me oponho a tais comentários contra meu gurudeva ?”
Ele costumava usar essa expressão muitas vezes: “Por que estou andando de automóvel aqui em Vrndavana ?” Ele disse: “Se eu fosse um niskincana babaji, santo vivendo em reclusão vestindo apenas um pedaço de pano, não me oporia a esse homem. Simplesmente, deixaria o local e iria embora. Mas porque estou andando num grande automóvel na posição de acharya, professor, preciso defender a dignidade de grandes devotos. Aceitei essa missão e não posso evitar as circunstâncias. Tenho de enfrentar e fazer todo o possível para que tais coisas não continuem sem denúncia ou oposição.”
A humildade deve ser ajustada ou modificada na aplicação prática. certa vez, quando um templo Hare Krsna foi atacado, os devotos usaram uma arma para defender o templo. Mais tarde, houve reclamações das pessoas da região. Eles diziam: “Oh, eles são humildes ? Eles são tolerantes ? Por que nào seguiram o conselho de Sri Chaitanya Mahaprabhu para serem mais humildes do que uma folha de grama e mais tolerantes do que uma árvore ? Eles não podem ser devotos!” Chegavam muitas reclamações até mim, mas os defendi dizendo: “Não, eles agiram corretamente. A instrução para ser mais humilde que a folha de grama quer dizer que deve-se ser humilde com um devoto, não com um louco.”
As pessoa comuns são ignorantes; são loucas. Não sabem o que é bom ou mal, portanto, suas considerações não têm valor. Quem é qualificado para julgar se um devoto está respeitando a todos sem esperar respeito para si próprio ? Quem vai julgar se ele á realmente humilde e tolerante ? Loucos ? Pessoas ignorantes ? Será que eles têm algum bom senso para julgar quem é humilde, quem é tolerante, e quem é respeitoso com os outros ? Deve haver um padrão para julgar a humildade. Interessa-nos o critério de pensadores elevados, e não a consideração das massas ignorantes.
Padrão de Humildade
Claro que qualquer um pode enganar o povo com humildade superficial. Só que “show” de humildade não é humildade verdadeira, que tem de provir do coração, e ter um propósito real. Tudo — humildade, tolerância e modéstia — deve ser considerado através do julgamento de uma pessoa padrão, normal, e não pelos ignorantes que são como elefantes, tigres, e chacais. Deveriam poder julgar o que é humildade, audácia e impertinência ? Claro que não. Deveria um devoto pensar: “A Deidade no templo está para ser perturbada, mas devo ficar quieto e não fazer nada. Devo ser humilde e tolerante. Está entrando um cachorro no templo; preciso respeita-lo ?” Não. Isso não é verdadeira humildade.
Precisamos de uma concepção normal da realidade. Não podemos permitir a continuação dessas anomalias em nome de respeito aos outros. Não devemos pensar que podemos permitir que alguém prejudique os devotos ou perturbe o templo, e, desse modo, seremos humildes e tolerantes e estaremos respeitando os outros. Não nos interessa apenas o significado físico das escrituras, mas o significado real.
Ser humilde significa que sou escravo do escravo de um Vaishnava. Devemos prosseguir com essa consciência. Se alguém vem perturbar meu mestre, devo me sacrificar primeiro, pensando: “Meu sacrifício não será nenhuma perda, pois sou da menor importância; devo me sacrificar para manter a dignidade do meu guru, dos devotos e do Meu Senhor e de Sua família.”
Devemos sempre compreender o que é que deve ser honrado. Nós respeitamos a Verdade Suprema, o Senhor dos Senhores; nossas atitudes devem acontecer em harmonia com isso. Se mantivermos constantemente o conceito supremo de relatividade dentro de nós, veremos que somos os mais baixos. Devemos nos sacrificar, se nossos guardiões estiverem em perigo. Tudo isso deve ser levado em consideração quando se tenta entender o significado de humildade, não é imitação física — mas humildade genuína; é uma questão de realização prática. Fama e honra devem ser destinadas ao Senhor e Seus devotos, a mais ninguém.
Claro que nos estágios superiores a humildade tem de ser ajustadas de outra forma para os paramahansa-babajis, devotos mais elevados que são como cisnes e abandonaram toda conexão com este mundo material. Mas no estágio de pregação, o devoto de segunda classe deve aceitar as coisas diferentemente. Como nossoguru maharaja disse: “Se eu estivesse atuando como babaji, santo recluso e pacífico, teria saído do local sem fazer nenhuma oposição. Mas quando estamos pregando e assumimos a responsabilidade de conduzir tantas almas ao reino do Senhor, nosso ajuste deve ser de acordo.” Geralmente, devemos ser indiferentes com os inamistosos, mas quando pregamos em nome do Senhor de forma organizada, nosso dever muda: não podemos ser indiferentes com antagonistas.
As escrituras mencionam, através de Jiva Goswami, que se devem considerar esses tópicos conforme o padrão de cada um em particular, antes de tomar as ações necessárias. Sua decisão é que se o devoto estiver numa posição de poder, se for um rei, e se alguém blasfemar um Vaishnava autêntico, ou santo, o rei deve aplicar punição corporal, com a extradição do ofensor ou por cortar a língua dele (vaishnava nindaka jihva hata). Isso não é dever para pessoas comuns, pois haverá distúrbio se agirem assim. Nunca devemos desejar infligir punição física a ninguém.
Hanuman é um Vaishnava, mas vimos que destruiu tantas vidas. O mesmo vale para Arjuna e tantos outros devotos. Até mesmo Krsna e Ramacandra mataram tantos demônios em batalhas. O verdadeiro significado de humildade não é meramente uma representação física de brandura. Sempre que houver um insulto ao guru ou aos Vaishnavas, o devoto vai se opor aos blasfemadores de acordo com seu poder.
Bhaktivinoda Thakura diz em uma de suas canções que não devemos apenas tolerar as más ações de outros e perturbações do meio ambiente, como também temos de fazer bem àqueles que nos torturam. O exemplo citado é a árvore. Mesmo quem está cortando a árvore obtém sombra e conforto dela enquanto a põe abaixo. Em conclusão, ele diz que humildade, misericórdia, respeito aos outros e renúncia a nome e fama são as quatro qualificações para cantar o santo nome de Krsna.
Somos o mais baixo dos inferiores. Devemos estar sempre conscientes de que somos mendigos. Devemos pensar que: “Embora eu seja um mendigo, vim mendigar a coisa suprema; que nenhuma perturbação me faça dissuadir dessa tentativa.” Ao mesmo tempo, nossa atitude para com o meio ambiente deve ser de respeito.
Assim, ao se tornar educado na concepção Krsna de divindade, cada um deve ser respeitado conforme sua posição. A orientação na adoração ao santo nome (nama-bhajana) é que devemos adotar a posição de escravo do escravo de um escravo do Senhor. Se desejas cantar o santo nome de Krsna, então não perde tua energia com as frivolidades deste mundo. Não permite que tua atenção seja perturbada por aquisições insignificantes, como prestígio ou ganho relativo a dinheiro ou conforto físico. Lembra-te, estás na tentativa pela maior coisa, e todas as outras coisas são muito pequenas em comparação à consciência de Krsna. Portanto, não perde tua energia e tempo valioso. Sê econômico. Tens a chance de alcançar o objetivo supremo da vida."
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário